terça-feira, 14 de agosto de 2012


Apressado céu, vazio e transparente
Fazendo-se inocente
Carregando alarmado
Meu reflexo embaçado num espelho de algodão
Tirando em vermelho
Bocejando desde cedo seu dia que começou
Clareia logo sonho turvo
Acendendo as cidades recobertas de incerteza
Deixando em pé cabelos e medos
Pessoas, arvoredos
Solitários viciados
Amores abandonados
Quisera decidir-se entre a mostra e o silencio
Debandar-se na sorrateira correria
Não se lembrar dos filhos da alegria
Dormir e achar num recanto o sossego para seus raios
Deleito em outro lado
Alguma face incendiar com toda luz
Para mentir que se apagou
Até o mar irá se orgulhar
De conhecer seu companheiro dia
Forasteiro da humildade
Pede em troca vista limpa
Resplandecer fitando o ar, mergulhar
Provocar suspiros e mãos entrelaçadas aos viajantes das estradas
Persuadir plantando esperança em nossas mentes de criança
Sendo além do que mais ser, dia em que todo giro de ontem no presente, mente
Mas transcende sempre o que pudemos esperar.

     Metáforas me faltam, mas não deixo de admirá-las de todo meu espírito, talvez esteja me tornando mais exato ou ocupando meu ócio com coisas que não me favorecem de verdade.
     Os livros dos meus fantasmas ficaram distantes, já imaginava que pouco me restaria respirando ares novos que não fossem os próprios pertencentes. Restos de futuro ainda vivem, velha esperança por atritos que venha edificar discernimentos estão ficando fortes, ainda sou eu, consigo ver um circulo incompleto com paradigmas que não quero, isso me deixa feliz em meio as circunstancias diárias.
     Queimo essências, mas não prevaleço por certezas, dias independentes que não se ligam. Dias que não transcendem horas só, se o corpo está leve, que me leve para o vazio, lá sempre terá mais coisas que o plano comum.

Andante




Senhor, posso entrar?
Juro que não sou nada
Nem ladrão nem magnata
Sou andante das estradas
Humilde sonhador, aqui sou eu.
Senhor, o que acha?
Toco em troca de comida
Depois sigo meu caminho
Curando a ferida
Do que me aconteceu.

Senhor, não tenha medo
Sou o filho do sossego
Não peço nada nem apego
Vou-me embora amanhã cedo
Sem rumo para esse mundo meu.



Não diferencio a brincadeira de ser as vezes o que me tornei,
Se o tempo não existe em mim claro que não haverá compreensão.
Fácil é doença.
Fácil não ter crença.
Não há remédio para inércia,
Não vêem o real, sou genérico, fechado, apóio-me no que já sei.
Dimensão pra nascer.
Critério social, absorver, julgar, achar seu certo, condenar.